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O presente trabalho é uma pesquisa qualitativa que visa compreender a relação entre a formação inicial do professor de física no âmbito da astronomia e a sua futura prática docente. Para isso, foi realizado uma breve fundamentação sobre a formação inicial docente, constatando a existência de concepções alternativas sobre astronomia e atividade científica nestes professores e a história e filosofia da ciência como proposta metodológica com potencial de amenizar estas concepções ainda na formação inicial dos mesmos. Diante deste cenário, Langhi (2011) sugeriu a existência de um ciclo de propagação das concepções alternativas, onde o professor em sua prática docente pode estar contribuindo incoscientemente para a persistência destas na educação básica. Considerando a formação inicial do professor como a etapa formativa mais profícua para a realização de discussões sobre as concepções alternativas referentes a estes temas, foi investigado a disciplina de astronomia nos cursos de licenciatura em física do Sul do Brasil. Verificou-se que nesta região há trinta e quatro destes cursos, sendo que 47% destes não possuem a disciplina de astronomia ofertada como obrigatória em sua matriz curricular, ou seja, praticamente metade dos professores de física podem estar sendo formados sem discussões sobre astronomia em sua formação inicial. A partir de uma análise das ementas presentes nos Projetos Pedagógicos dos Cursos (PPCs), foi possível elencar os conteúdos mais abordados nestas disciplinas e discutir sua relação com a prática futura destes professores. Além disso, foi implementado um questionário para nove professores das disciplinas de astronomia nestas licenciaturas, buscando entender como ocorre o ensino de astronomia nestas disciplinas, onde foi visto que os professores de astronomia trabalham as concepções alternativas dos licenciandos recorrendo à experiência profissional de cada um. Ainda, o questionário buscou compreender a visão destes professores sobre a natureza da ciência, e apesar das respostas adequadas no geral, foram encontradas visões deformadas sobre ciência que a literatura já apontava como existentes (GIL-PÉREZ et al., 2001), como a visão aproblemática e ahistórica da ciência e, principalmente, a visão empírico-indutivista. Assim, foi discutido que, embora sejam possíveis e necessárias as articulações centradas em história e filosofia da ciência na disciplina de astronomia, são necessárias também estratégias metodológicas que envolvam a apropriação sobre natureza da ciência dos próprios professores de astronomia, em virtude da potencialidade das concepções alternativas dos licenciandos voltarem à educação básica como uma verdade quase que incontestável, uma vez que existe uma intrínsica e condicionante relação entre a formação inicial do professor de física e a sua prática docente. Por fim, foram apontados possíveis caminhos para o aprimoramento do ensino de astronomia nas licenciaturas em física: i) a disciplina de astronomia deve estar presente em todas as licenciaturas em física; ii) em virtude da astronomia ser uma ciência interdisciplinar, o perfil desta disciplina pode ser relativo às condições de cada curso; iii) as discussões nesta disciplina serão mais promissoras em relação as concepções alternativas, se forem centradas em discussões sobre história e filosofia da ciência no âmbito da astronomia; e iv) a utilização de artigos científicos sobre a natureza da ciência, e a sua discussão em sala de aula, pode permitir uma visão menos deformada da atividade científica nos professores em formação, assim como, nos próprios professores de astronomia. |
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