Resumo:
Esta tese elege a juventude como campo de reflexão acadêmica e toma as tecnologias da informação e comunicação como tema de pesquisa. O objetivo geral foi compreender de que forma o jovem internauta utiliza as tecnologias ubíquas, bem como as transformações, oportunidades e tensões que essa conexão gera nas sociabilidades juvenis. O percurso etnográfico iniciou em uma escola municipal da cidade de Florianópolis/SC, e, em determinado momento, passa a acompanhar também as Batalhas de Rap, uma reunião de jovens que acontece semanalmente em praça pública para produção cultural, bem como discutir o movimento Hip Hop da cidade, sendo as tecnologias ubíquas o principal meio que os jovens utilizam para divulgar o que foi discutido e impulsionar outros internautas na adesão ao movimento. É na juventude que
as sociabilidades se ampliam para além da família e da escola. Ao vivenciarem novas interações praticando Skate na praça do bairro, duelando freestyles nas Batalhas de Rap, discutindo suas poesias com outros internautas, via aplicativos digitais, os sujeitos observados nesta pesquisa constroem processos de resistência, denunciando a ausência de uma política pública efetiva para a juventude – que vá além das prescrições legislativas – ou seja, que de fato se materialize em ações concretas nas suas vidas. Os dados etnográficos trazem à tona cenas de jovens oriundos das „quebradas‟ da Ilha de Santa Catarina em processos criativos de afirmação que, através do ritmo e poesia, refletem
sobre a sua condição juvenil na sociedade, os preconceitos que parte da população expressa aos territórios periféricos da cidade, bem como a violência policial protagonizada pelo Estado. Os resultados da pesquisa evidenciam as transformações profundas que as tecnologias ubíquas vêm provocando nos modos de comunicação, produção e obtenção de informações. Diante de tal panorama, a educação é um elemento essencial para que o jovem infonauta possa desenvolver habilidades de interrogar e desafiar as representações preconceituosas, extremistas, bem como as violências simbólicas tecidas nas redes sociais digitais.