Resumo:
Processos morfodinâmicos em sistemas fluviais estão relacionados a fatores
naturais que provocam alterações na paisagem. Eventos meteorológicos extremos
de precipitação, correspondem a um dos agentes de modelagem da paisagem
responsáveis por essas alterações. Nesse sentido, a caracterização dos ajustes
morfológicos de ocorrência usual em um rio e a identificação das geoformas do vale
são subsídios para avaliar a capacidade de modificação do sistema hidrográfico.
Neste trabalho foram identificadas formas de ajustes, geoformas do vale fluvial e
analisada a influência de eventos extremos de precipitação na evolução morfológica
do rio Itapocu, em um trecho entre os Municípios de Corupá, Jaraguá do Sul,
Guaramirim e Araquari, Estado de Santa Catarina. Inicialmente, foi realizada a
morfometria de dados geoespaciais extraídos de aerofotografias dos anos de 1957,
1978, 2010 e de imagem orbital CBERS 4A do ano de 2021, proporcionando a
classificação dos ajustes morfológicos em Expansão de Barra Fluvial Ativa,
Retraimento de Barra Fluvial Ativa, Incorporação de Barra à Planície de Inundação,
Estreitamento de Canal Fluvial, Expansão de Canal Fluvial, Migração de Canal
Fluvial, Rotação de Curva, Translação de Curva e Migração da Inflexão da Curva.
Após, foram analisados eventos extremos de precipitação ocorridos no vale fluvial
com o apoio de imagens orbitais Sentinel-2, as quais foram utilizadas para a
extração de dados geoespaciais que denotam a influência desses eventos na
paisagem fluvial. Concomitantemente, foram utilizados dados de precipitação de
séries históricas de pluviômetros automáticos do Centro Nacional de Monitoramento
e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN). Os eventos, classificados em Chuva
Intensa e Chuva Persistente, ocorreram entre os dias 30/01/2019 e 15/04/2019;
15/11/2020 e 30/12/2020; e 23/02/2021 e 10/03/2021. Considerando os três períodos
de análise, 89,2% do rio foi sensível aos eventos extremos. Nesse sentido, quanto
maior a intensidade e a persistência do evento extremo de precipitação, maior é a
possibilidade de produção de ajustes geomórficos significativos, ou seja, maior é a
sensitividade do ambiente fluvial, com menor incidência de zonas da paisagem
insensíveis ou estáveis ante os eventos extremos.