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A presente investigação aborda a relação entre o Programa de Extensão
Educação Patrimonial e Turismo de Base Comunitária e a Política Federal de
salvaguarda do patrimônio imaterial, assumindo os pressupostos da
investigação qualitativa, ao realizar pesquisa documental sobre o caso, no qual
a autora tem participação ativa, para analisá-lo em profundidade, e tomando em
consideração, na construção dos dados, os significados atribuídos pelos sujeitos
implicados na sua execução.
O Programa foi criado em 2021 e é resultado da experiência dos Câmpus
integrantes (Florianópolis-Continente e Garopaba) e de dois estudos de
doutorado realizados entre 2018 e 2022; por meio de ações de
acompanhamento, articulação, formação, comunicação e gestão, têm sido
desenvolvidos trabalhos junto a pescadores, povos de terreiro, capoeiras,
ceramistas, quilombolas, famílias ligadas aos engenhos de farinha do litoral de
Santa Catarina. A Política Federal voltada para o patrimônio imaterial tem como
marco importante a publicação do Decreto n° 3.551, de 4 de agosto de 2000 que
instituiu o Registro como instrumento de salvaguarda; em 2015, foram
estabelecidas diretrizes para a proteção do patrimônio, apoiadas em quatro eixos
(Mobilização social e alcance da política; Gestão participativa no processo de
salvaguarda; Difusão e Valorização; Produção e Reprodução Cultural).Como
resultados, apontamos para a significativa proximidade entre o Programa e a
Política; destacamos a aproximação entre os Coletivos Deliberativos e a
Mobilização Social (da Política) e os Coletivos Preservacionistas e a atenção à
organização da base comunitária dos lugares (do Programa); constatamos a
coincidência entre o conceito de educação patrimonial , como ação de natureza
processual que transcende ações pontuais, descontínuas (da Política) e a
perspectiva do acompanhamento, por meio de projetos com execução de média
duração, e mesmo, da resistência, a ações de extensão pontuais (do Programa);
verificamos ainda a restrição quanto a ações ligadas ao mercado, se não se
caracterizarem como estruturantes do universo cultural dos bens em questão (da
Política) e a caracterização do Turismo de Base Comunitária (TBC)
fundamentalmente como organização para a proteção das práticas culturais,
sendo a visitação uma ação complementar (do Programa). A investigação
retoma duas questões elencadas em estudos anteriores, quais sejam, a
legitimidade da inversão de recursos públicos no TBC - leia-se organização de
bases comunitárias para a proteção de seus territórios - pela urgência do
enfrentamento das diversas crises contemporâneas ligadas à destruição
ambiental e cultural (HICKENBICK, 2022), e a inserção de instituições
educacionais nas comunidades e coletivos, nomeadamente das instituições
educacionais públicas, e especificamente dos Institutos Federais de Educação,
Ciência e Tecnologia, para a promoção de práticas turísticas menos intensivas
e menos impactantes, e para a ressignificação da relação - histórica e
desafiadora- entre patrimônio cultural e turismo (CARRELAS e HICKENBICK,
2019; CARRELAS e HICKENBICK, 2022). |
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