Resumo:
A pesca comercial está entre as atividades laborais mais perigosas do mundo. A escassez nas
capturas obrigou a frota pesqueira a se deslocar para áreas mais distantes do litoral e por
períodos de tempo mais longos, tornando as viagens de pesca mais suscetíveis às mudanças
bruscas nas condições meteorológicas e consequentemente, no estado do mar. Neste estudo
foram investigados os registros históricos dos Inquéritos Administrativos e Fatos da Navegação
– IAFN da Autoridade Marítima para o período de 2015 a 2020 e confrontados com os Avisos
de Mau Tempo emitidos pelo Centro de Hidrografia da Marinha do Brasil para avaliar a
influência das condições meteorológicas e oceanográficas, como fatores determinantes para a
ocorrência dos acidentes com barcos de pesca. Os resultados indicam uma tendência de
redução no número de acidentes para o período em análise. Os acidentes de maior ocorrência
são os naufrágios e situação de homem ao mar. Este último apresentou a maior mortalidade
associada. A maior incidência no número de acidentes está relacionada com a região do 5°
Distrito Naval (SC e RS), o que pode estar relacionado a maior incidência de fenômenos
meteorológicos e oceanográficos adversos, como a passagem de frentes frias e ciclones
extratropicais. Embarcação miúdas e de pequeno porte demonstraram uma maior
susceptibilidade à influência das condições meteoceanográficas adversas como fator
contribuinte para a ocorrência de determinados tipos de acidente.