Resumo:
A dengue é uma doença viral infecciosa, transmitida pela picada da fêmea do mosquito
Aedes aegypti e Aedes albopictus. Atualmente é um dos principais problemas de saúde
coletiva no mundo. Está presente nas regiões tropicais e subtropicais do planeta, sendo
estimado que 390 milhões de pessoas sejam infectadas anualmente pelos quatro
sorotipos. Há tendência de resposta à sazonalidade em relação ao número de focos de
mosquitos, na qual os meses com temperaturas mais elevadas se observa crescimento.
Esse acréscimo é observado principalmente quando retroagidos por um período de
30 dias, tendo diminuição nos meses mais frios. Logo, temperatura é um elemento
crítico para o desenvolvimento do mosquito. A geomedicina proporciona base para o
próprio estudo espacializado de doenças. Sendo assim, a seguinte proposta tem o
objetivo direto de observar a relação entre a distribuição de casos de dengue, número
de focos dos vetores biológicos do gênero Aedes, transmissores do vírus da dengue
no Estado de Santa Catarina e o comportamento de elementos climáticos. Foram
utilizados dados de temperaturas (mínima, máxima e média) do South American Mapping of Temperature (SAMeT) e precipitação do Merging Technique (MERGE), assim
como dados do Global Forecast System (GFS) para modelagem preditiva. Percebe-se,
através da sazonalidade anual em Santa Catarina, regiões de maior incidência de casos
de dengue e com maior proliferação de Aedes sp., justamente onde se apresentam
os maiores valores de temperaturas. As regiões serranas, patamares e planaltos do
Estado catarinense demonstram ser limitantes naturais para ocorrência do vetor e,
consequentemente, da doença. No Estado de Santa Catarina, os picos de dengue
comumente ocorrem durante o outono austral. Há correlação média e alta negativas
ao relacionar casos de dengue e limiares de temperaturas retrocedidos no tempo nos
municípios de Florianópolis, Itajaí, Joinville e Chapecó. Durante o processo de aprendizado de máquina, modelagem por Random Forest apresentou melhores respostas
de predição, quando comparado a modelos por Rede Neural Artificial Multicamada
(RNAM). Ao analisar histogramas dos erros, modelagens preditivas nos municípios
de Florianópolis e Joinville obtiveram adensamento do erro próximo a zero (0), porém
sugerem valores de previsão subestimados. O Produto Técnico-Tecnológico (PTT)
demonstra capacidade preditiva de 14 dias (2 semanas epidemiológicas) para os casos
de dengue no Estado de Santa Catarina, sendo visualizado por cartografia preditiva em
semanas epidemiológicas. Investigar esses múltiplos aspectos e compreender essas
informações auxiliam no processo de tomada de decisões, buscando, assim, uma
melhor resposta frente a zoonoses emergentes e re-emergentes.