Resumo:
A mandioca, cultivada no Brasil pelos povos nativos muito antes da colonização, é parte
constitutiva da nossa identidade. No litoral catarinense foi um alimento importante para a
subsistência dos habitantes daqui e a partir do século XVIII a farinha de mandioca foi a
atividade econômica mais importante na região. Os engenhos são espaços de sociabilidade
que materializam memórias coletivas e marcaram gerações através das farinhadas. A partir do
século XX muitas transformações ocorreram no litoral catarinense e em Garopaba, cidade
que no passado vivia da pesca e da agricultura majoritariamente. Essa pesquisa tem como
objetivo compreender de que forma a mandioca e os engenhos de farinha são um símbolo de
resistência e de produção de significados na localidade do Macacu, em Garopaba. Para
alcançar o objetivo, foi realizado um estudo de caso no Engenho e Alambique do Vô Zeca. A
metodologia utilizada foi a revisão bibliográfica combinada ao estudo de caso com o
instrumento de entrevista semi-aberta. Como resultado constatou-se que a crescente
urbanização, a transformação de Garopaba, que passou de vila de pescadores para um
balneário turístico, bem como as normas da ANVISA fizeram com que os engenhos, tão
comuns na região, diminuíssem. Apesar desses fatores, observou-se que muitas famílias
continuam com seus engenhos produzindo farinha e mantendo essa tradição viva. Esses
sujeitos encontram aliados como a Rede Estadual de Engenhos de Farinha que busca criar
estratégias para valorização e manutenção desse patrimônio.