Resumo:
Nesta pesquisa propõe-se um aprofundamento conceitual das noções de contexto e
de contextualização no jornalismo. O objetivo geral é explorar as potencialidades
de uma teoria do jornalismo que inclua o contexto e a contextualização entre seus
conceitos estruturantes, articulados com uma compreensão complexa do
conhecimento. Assume-se com Morin (2006) a perspectiva de que o conhecimento só
é pertinente quando inserido em um contexto e considera-se, portanto, contexto e
conhecimento como noções indissociáveis. Desenvolve-se no cenário da Era da
Informação (CASTELLS, 2015), período no qual, cada vez mais, o jornalismo
compartilha com outros atores seu papel de agente responsável por informar os
acontecimentos de interesse público, em função da consolidação de novas dinâmicas
de comunicação que emergem com as mídias digitais. Por meio da contextualização
dos acontecimentos, porém, o jornalismo afirma-se como forma de conhecimento,
mantém e incrementa de forma decisiva seu potencial transformador e sua atribuição
de fornecer aos cidadãos as informações necessárias para que eles exerçam sua
liberdade e autonomia (KOVACH; ROSENSTIEL, 2014). Na investigação sobre o
significado de contexto e contextualização, inicialmente identificam-se na Teoria da
Complexidade noções e perspectivas que contribuem para o estudo do jornalismo e
faz-se uma revisão bibliográfica em torno da noção de conhecimento e do
conhecimento no jornalismo; mapeiam-se os significados atribuídos à noção de
contexto no jornalismo, tendo a configuração da Era da Informação como marco
divisório, e constata-se que a contextualização aparece de forma mais destacada como
tarefa do jornalismo nos trabalhos mais recentes, embora com sentido
aparentemente naturalizado; a seguir, analisam-se as principais implicações, para o
jornalismo, do estabelecimento de uma comunicação onipresente na Sociedade em
Rede; e, por fim, propõem-se conceitos para as noções de contexto e de
contextualização no jornalismo, considerando-as parte do processo pelo qual o
jornalismo se constitui como conhecimento social. Ao contextualizar os
acontecimentos, construir conhecimento e socializar as informações de interesse
público, o jornalismo afirma-se como importante agente de consolidação de uma
democracia cognitiva, ou seja, como garantidor do direito dos cidadãos de terem
acesso ao conhecimento.