Resumo:
Com o crescimento urbano, há uma tendência de aumento de temperatura em
determinadas regiões devido à emissão de calor por fontes antropogênicas e à
absorção e reemissão de radiação pelas edificações e infraestruturas urbanas,
agravado pela falta de áreas verdes, possibilitando a formação de ilhas de calor.
Deste modo, este estudo analisou a relação entre ilhas de calor e a cobertura
vegetal em Itajaí - SC durante os períodos mais frio e mais quente do ano, bem
como sua interação com os indicadores da população, com o objetivo de fornecer
informações para o planejamento urbano. O período de estudo compreendeu os
anos de 1991 a 2020, com a utilização dos dados da estação meteorológica
automática A868-Itajaí e o produto da reanálise MERRA-2 para determinação dos
períodos com temperatura mínima/máxima do ar em cada ano. Para os respectivos
períodos, foram elaborados mapas da Temperatura da Superfície Terrestre - LST e
cálculo do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada - NDVI, com imagens
LANDSAT da Coleção 2 Nível 2 disponíveis no site Earth Explorer da USGS. Para os
anos de 1998 e 2018, foram realizadas análises estatísticas entre as variáveis LST,
NDVI, bairros, tipo de uso e cobertura da terra, altitude e trechos de massa d’água.
Com a espacialização das prováveis ilhas de calor, através da análise da distribuição
da temperatura da superfície terrestre na área de estudo, e obtenção da sua
intensidade, foram avaliados os indicadores de renda e alfabetização. Resultados
indicaram uma relação complexa entre fatores socioeconômicos e ambientais. A
correlação negativa entre NDVI e temperatura sugeriu influência da vegetação na
mitigação do calor urbano. A análise dos anos 1998 e 2018 revelou Áreas
Urbanizadas como prováveis Ilhas de Calor, e áreas de Rio, Lago e Oceano,
Formação Florestal e Silvicultura como prováveis Ilhas de Frescor. A altitude também
influenciou a temperatura. Trechos de massa d’água apresentaram temperaturas
mais baixas que a superfície circundante. Foi obtido também que os dados do
produto da reanálise MERRA-2 e os dados observados estão altamente
correlacionados. Como produto foi elaborada a ementa para a disciplina
Geoprocessamento para análise de Ilhas de Calor e ministradas estas aulas em
2023. Para pesquisas futuras, sugere-se análises com dados de censo mais
recentes, elaboração deste estudo em municípios vizinhos, bem como realizar a
comparação dos valores de LST com os valores da temperatura do ar provenientes
da reanálise do MERRA-2, para mais pontos na área de estudo.