Resumo:
As regiões costeiras são altamente vulneráveis a alterações climáticas, como o aumento acelerado
do nível médio do mar, eventos extremos de ondas de tempestade, chuvas intensas, entre outras. O litoral
catarinense equivale a 7% do litoral brasileiro e, assim como outras regiões, apresenta uma diversidade
de atividades antrópicas, entre as quais se destaca o turismo. A Área de Proteção Ambiental (APA) Costa
Brava instituída pela Lei N°9.985/2000, como Unidade de Conservação de uso sustentável, dispõe de um
Plano de Manejo (2020) que se caracteriza por um diagnóstico ecológico-econômico, bem como pelos
planos de gestão. A APA foi criada pela Lei N°1.985/2000, como medida compensatória em decorrência
aos impactos ambientais da implantação da Avenida Rodesindo Pavan a qual dá acesso às praias agrestes
de Balneário Camboriú, conhecida como Interpraias. A APA inclui as praias de Taquarinhas, Taquaras,
Pinho, Estaleiro e Estaleirinho, localizadas no litoral centro-norte catarinense. Devido a suas
características naturais e regionais, as praias estão sujeitas a eventos extremos de elevação repentina do
nível do mar, como o registro de um tsunami meteorológico e ressacas, cujo eventos causam perdas
materiais significativas relacionadas à ocorrência. O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas
define vulnerabilidade como o grau em que um sistema está suscetível ou incapaz de lidar com os efeitos
adversos das mudanças climáticas. O presente estudo visa analisar a vulnerabilidade costeira das praias
de Taquarinhas, Taquaras, Pinho, Estaleiro e Estaleirinho, considerando diferentes cenários, a fim de se
conhecer as possíveis respostas ambientais associadas aos eventos naturais extremos de forma a
possibilitar um aprimoramento do manejo. Especificamente o trabalho propõe avaliar o estado da
granulometria das praias de Taquarinhas, Taquaras, Pinho, Estaleiro e Estaleirinho para o ano de 2021;
avaliar o comportamento do limite superior da praia com a vegetação nos anos de 1957; 1978, 2004, 2009
e 2021; classificar o grau de vulnerabilidade nas praias a fatores naturais e eventos extremos utilizando a
metodologia de Gornitz (1991) com base em informações secundárias, como o Plano de Manejo (2020) e
metodologias já aplicadas para a região, assim foi desenvolvido um folder como produto técnico e
tecnológico, com os resultados do processo de pesquisa. A metodologia está pautada em sete variáveis:
(1) relevo; (2) tipo de rocha; (3) geomorfologia; (4) taxa de variação relativa do nível do mar; (5) taxa de
mudanças horizontais na linha; (6) amplitude de maré e (7) altura de onda. O Índice de Vulnerabilidade
Costeira toma como bases geoindicadores que auxiliam na tomada de decisão necessária para aumentar
a resiliência das zonas costeiras e fornece uma base de dados qualitativos e quantitativos em diferentes
escalas e unidades para classificar o grau de vulnerabilidade frente aos perigos da elevação do nível do
mar. O cálculo do IVC geral foi feito a média aritmética entre os setores (norte, central e sul) de cada praia
em estado das forçantes naturais e extremos. As praias de Taquarinhas e Taquaras apresentaram um
grau de vulnerabilidade costeira classificado em moderados (13,52 e 10,47) e, quando associadas a
eventos extremos o valor sobe de grau moderado para vulnerabilidade muito alta (30,24 e 23,42). As praias
do Pinho, Estaleiro e Estaleirinho foram classificadas como um grau de vulnerabilidade baixo (8,55), e
quando influenciadas pelos eventos extremos a vulnerabilidade intensifica e o grau passa a ser alto para
a praia do Pinho (19,12), e as praias do Estaleiro e Estaleirinho em grau de vulnerabilidade moderado
(13,52). Entre as variáveis costeiras, a geomorfologia e a linha de costa são principais indicadores de
vulnerabilidade, uma linha costeira vulnerável é caracterizada por um baixo relevo costeiro, um substrato
erosivo com sedimento inconsolidado, além das evidências presentes e passadas de subsidência, um
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extenso recuo da linha costeira e alta energia de ondas e maré. A região das praias que compreendem a
APA Costa Brava apresenta um bom estado de conservação e proteção, englobando os costões rochosos
junto à vegetação e promontórios rochosos, além da Área de Preservação Permanente de restinga e
cursos d’água. O órgão gestor com ampla participação da população local, outros atores sociais e
entidades públicas já direcionam o desenvolvimento local, onde o fator relevante é a garantia de um
cenário de conservação controlado e sustentável das praias.