Resumo:
Esta dissertação de Mestrado aborda a relação dos jovens com o currículo dos cursos
de Ensino Médio Integrado (EMI), em uma perspectiva de criação de sentidos e
significados, de participação e protagonismo juvenil frente aos saberes que perpassam a
Educação Profissional e Tecnológica (EPT). O embasamento teórico organizou-se a
partir da concepção de currículo integrado fundamentada no trabalho como o seu
princípio educativo. O conceito de integração foi direcionado tanto para os conhecimentos
quanto para os sujeitos que fazem parte do currículo e, assim, relacionou-se às teorias
acerca das juventudes enquanto categoria de análise, bem como ao seu papel construtor
do currículo. A discussão foi orientada para tentar demonstrar como a participação dos
estudantes, dentro do currículo integrado, pode ser concebida como uma prática
formativa, integradora e política. Privilegiaram-se as discussões apresentadas por
Frigotto (2005), Machado (2010) e Ramos (2008; 2010; 2011; 2014), no que se refere ao
currículo integrado. Quanto aos estudos sobre as juventudes e suas relações com o
currículo, segue-se a fundamentação especialmente em Carrano e Dayrell (2014), Dayrell
(2003; 2007), Arroyo (2012; 2013a), Zibas, Ferretti e Tartuce (2006) e Rodríguez (2013).
O objetivo geral da pesquisa foi desenvolver, com os estudantes do EMI, propostas de
tempos e espaços coletivos de participação para (re)pensar os currículos de seus cursos.
Metodologicamente, construiu-se uma pesquisa participante aplicada, de abordagem
qualitativa, inspirada em Le Boterf (1987), que teve como locus o Instituto Federal de
Santa Catarina e como público, 39 jovens estudantes dos dois cursos de EMI do campus
Canoinhas. O levantamento de dados foi realizado por meio de questionário online, com
perguntas abertas, e a pesquisa culminou com a proposição, o desenvolvimento e a
aplicação do produto educacional. Este se tratou de uma oficina formativa sobre currículo
integrado, juventudes e participação, da qual produziu-se um roteiro que foi
complementado com as contribuições dos jovens que participaram da oficina. Os
resultados foram ao encontro de outras pesquisas, apontando a pluralidade das
identidades dos jovens que estão inseridos no contexto do EMI, bem como dos sentidos
que eles desenvolvem acerca dessa formação. Indicaram-se atividades e projetos que
são significativos para os jovens, no contexto do EMI, além de experiências de
participação coletiva. No entanto, demonstrou-se que, no que se refere ao currículo
integrado e a seus objetivos, mostra-se necessária a formação dos sujeitos para que os
espaços de participação levem esses objetivos em consideração. E, nesse sentido, a
experiência da oficina apresentou-se relevante como espaço de formação acerca do
currículo integrado, sendo orientada pelas identidades e demandas dos jovens e
indicando novas possibilidades de espaços de (auto)formação, estimulando a
participação e o protagonismo juvenis e colaborando para a materialização do currículo
integrado.