Resumo:
Os dados censitários agropecuários das últimas décadas reiteram o papel da agricultura familiar como principal produtora de alimentos para a sociedade brasileira, mas também apontam para o envelhecimento dos produtores e extinção de propriedades em regiões tradicionais, como é o caso do Sul do Brasil. Esse fenômeno tem relação com o processo de sucessão, no qual muitos filhos abdicam da continuidade do empreendimento familiar. A pesquisa objetivou compor e apresentar dimensões e categorias de gestão que interagem no processo sucessório em unidades produtoras rurais do Extremo Oeste Catarinense. Para alcançar esse objetivo realizou-se uma revisão bibliográfica e documental, contemplando estudos existentes que abordam o tema central pesquisado e dados censitários. Também se considerou o conhecimento dos pesquisadores das práticas cotidianas que impactam no processo sucessório no meio rural. Na composição das dimensões e categorias apresentadas, a dimensão administração fundamenta-se em práticas de planejamento das atividades, organização e divisão das tarefas a campo, controle dos custos e na dinâmica das decisões que são tomadas na propriedade, as quais podem impactar no nível de qualidade de vida no meio rural. A dimensão trajetória levou em consideração aspectos relacionados ao diálogo e compartilhamento das informações do antecessor ao herdeiro suplente, permitindo o repasse de conhecimento da propriedade e o preparo técnico e profissional do herdeiro(a) que decide permanecer. Entende-se que estas ações permitem promover o desenvolvimento da propriedade e contribuem na decisão de permanência do jovem no meio rural. A dimensão espólio/herança contempla questões relacionadas ao processo de partilha do patrimônio da propriedade rural que podem resultar na manutenção, ou fracionamento da unidade produtiva, fato que pode impactar positivamente, ou negativamente no processo de sucessão. O trabalho contribui para motivar novas pesquisas de campo, bem como subsidiar ações educativas e de formação profissional, no âmbito institucional (IFSC) e externo, possibilitando problematizar a ainda preocupante estatística de extinção de unidades produtivas rurais familiares da região do Extremo Oeste Catarinense.