Resumo:
Discute-se nesta pesquisa as relações entre a educação rural e a inclusão digital,
consubstanciada pelo acesso às Tecnologias da Informação e Comunicação – TICs.
Os processos educacionais compreendem as dinâmicas e transformações sociais e,
por isso, precisam convergir com as mudanças tecnológicas. No entanto, em escolas
marginalizadas e invisibilizadas, as receitas de inclusão digital nem sempre levam em
conta as realidades locais. Nesse sentido, a discussão aqui proposta considera as
modificações no campo educacional presentes historicamente na região Oeste de
Santa Catarina. A região é fortemente marcada pela presença rural e construiu-se
social, econômica e culturalmente a partir da vivência camponesa. As experiências
comunitárias instituíram formalmente as primeiras ações educacionais num espaço
onde o Estado permaneceu distante da população, mas perto dos empresários de
terras. Com a modernização do campo, as escolas paroquiais e comunitárias foram
lentamente substituídas por instituições oficiais que distanciaram a realidade rural das
estratégias pedagógicas. Todavia, como resistência, surgiram modelos educacionais
pautados na Pedagogia da Alternância e que apontam para um olhar mais perspicaz
sobre uma ruralidade que muitos julgavam em franco processo de extinção. Essa
ruralidade que resiste, também deseja ser incluída em relação à tecnologia digital.
Esse processo está interligado com as experiências escolares e, portanto, convém
compreender os meandros dessa conjuntura. Para tal intento, as discussões aqui
apresentadas fazem referência à Escola de Educação Básica Catharina Seger,
localizada no município de Palma Sola/SC.