Resumo:
A Educação de Jovens e Adultos é uma modalidade de ensino carregada de complexidades e especificidades. Um campo de ensino com uma longa história, porém não consolidada, nas áreas de pesquisa, políticas públicas, diretrizes educacionais e formação de professores. A EJA requer estratégias e metodologias específicas para seu público: o jovem e o adulto. Os jovens e adultos que não tiveram acesso à escolaridade desejam e têm direito ao conhecimento matemático acadêmico, considerado por muitos como um dos grandes responsáveis pelo fracasso escolar. Os alunos da Educação de Jovens e Adultos, em sua grande maioria, pertencem à classe de trabalhadores que, no turno da noite, frequentam a escola em busca de novos conhecimentos, são pessoas de diferentes idades, lutadoras que vivem com responsabilidades sociais e familiares, cada um com seus valores formados a partir de suas experiências de vida e da realidade na qual estão inseridos. O grande desafio dos professores é criar técnicas e se utilizarem de estratégias que façam com que esses alunos sintam-se valorizados e motivados, a não apenas voltar, mas permanecer e prosseguir nos estudos em busca de novos conhecimentos que lhes proporcione a oportunidade de transformarem a realidade em que vivem. No caso da educação Matemática, acreditamos que o ponto de partida deve ser uma proposta de trabalho que valorize a Matemática dos diferentes grupos culturais e os conceitos informais construídos pelos alunos através de suas experiências, fora do contexto da escola. O enfoque no ensino da Matemática deve ir além da definição e tratamento com que se apresentam nos livros didáticos, pois estes não foram elaborados para esta modalidade de ensino. Esse trabalho tem o propósito de discutir a possibilidade de utilização da Etnomatemática no processo de ensino-aprendizagem em cursos de PROEJA. O programa Etnomatemática idealizado por Ubiratan D'Ambrósio, alicerçado nos ideais de Paulo Freire, tem o objetivo de fazer da Matemática uma disciplina que preserve a diversidade e elimine a desigualdade discriminatória. Sua proposta maior é fazer uma Matemática humanista. Não faz sentido num contexto diverso e problemático como o PROEJA que a disciplina de Matemática fique centrada como um conhecimento que tem um fim em si mesmo, pronto e acabado. Pois nesta perspectiva esta disciplina não auxiliaria em nada o aluno a enriquecer os seus esquemas de pensamento, a superar as dificuldades advindas do seu cotidiano e de futuras possíveis experiências educacionais.